WTT #01 — Paula Albino da Work & Co. fala sobre simplicidade em Ux Mobile
Para inaugurar a nossa série de eventos sobre transformação, convidamos uma amiga querida para compartilhar suas experiências na primeira edição do Walk The Talk: a Paula Albino. A gente trabalhou lado a lado em diversos tipos de projetos digitais por alguns anos em Belo Horizonte. A Paula hoje é designer na Work & Co. e trabalha dentro da Vivo, em São Paulo, focada no redesenho da experiência mobile da telecom.
Paula chegou de São Paulo na tarde de terça-feira — por sorte pegou uma Ribeirão Preto de clima bem ameno para a época. Tomamos um café e ela contou sobre como a Work & Co. tem trabalhado próxima aos seus clientes e como o envolvimento real de seus clientes no processo traz ganhos exponenciais para o projeto como um todo. O envolvimento a cada passo do projeto traz o cliente para a mesma página de raciocínio e de descobertas quebra aquela dinâmica criação>convencimento tão marcante na prestação de serviços dessa natureza no Brasil. Na WHF nós sustentamos essa prática através de uma máxima retirada do manifesto ágil: Colaboração com cliente é mais importante que negociação de contratos.
Outro ponto sobre o qual conversamos foi a respeito de processos. A turma de design está cada dia mais viciada em processos. Eu já tinha ouvido o Felipe Memória contar que quanto melhor a equipe, menor a necessidade de processos (e concordar veementemente com isso) — e conversar com a Paula foi a hora de tirar a prova dos nove.
O fato é que a Work & Co. consegue combinar uma jornada de criação do projeto extremamente densa a um processo extremamente simples.
“A gente define a experiência central que precisamos resolver. A experiência central está no fluxo de compra? Então é nisso que vamos investir a maior parte do nosso tempo".
E assim o projeto é desenvolvido — longas jornadas de materialização de hipóteses de design sobre para a mesma experiência.
Esse papo me lembrou de um curso rápido que fiz há alguns anos com um professor da Miami Ad School — sobre criação publicitária. Basicamente o processo era o 100/20/5. Crie 100 hipóteses, selecione as 20 melhores e aprofunde-se em 5 que realmente valham a pena. Para a criação publicitária o intuito era que, ao trabalhar com uma quantidade maior de ideias, você ultrapassaria a barreira do comum e do óbvio chegando, finalmente, a uma comunicação realmente inovadora. Acredito que a lógica aqui para o Design da Work & Co. seja a mesma. O processo de tentar inúmeras possibilidades para a mesma experiência leva o time a esgotar os caminhos mais óbvios e pouco originais. Prova disso são projetos como o site da Virgin American, o novo site da Oi e também o The Metropolitan Opera.
E o mobile nessa história?
No mobile, tudo tem a ver com simplicidade. Nas palavras da Paula:
"Não se trata de simplesmente reduzir a proporção da tela e oferecer a mesma experiência numa tela menor. Tem a ver como pensar no contexto do mobile para entender o que é realmente essencial para estar ali e compreender as possibilidades da tecnologia para entender como trazer isso para o consumidor".
Outro ponto importante é o alinhamento do projeto com todos os stakeholders. Como inovar em uma organização tão grande como a Vivo? Um projeto mobile atravessa diversas áreas e diversas pautas. O design precisa estar alinhado à estratégia da empresa e a equipe precisa ser hábil em negociar concessões com todos os envolvidos.
Assim como em qualquer projeto, A Work & Co, uma das 10 empresas mais inovadoras do mundo também enfrenta limitações que nós mortais também enfrentamos. Limitações de ordem política, de ordem tecnológica… ou simplesmente limitações. O aprendizado é entender que elas sempre acompanharão qualquer projeto e o que difere uma excelente equipe de uma equipe comum é como ela lida com essa dinâmica.
No final do dia, após bate papos e uma palestra bacana, eu voltei para a casa sabendo que no final das contas muito se resume à simplicidade e ao bom senso como drivers. A hiper-conexão, a descoberta do design como uma visão inteligente e viável para os negócios tem nos levado a ir cada vez mais fundo em processos, metodologias, informações. Tudo isso é muito bom e maravilhoso. Mas precisa ser usado com parcimônia. Não raro nos pegamos complicando o simples, tecendo voltas e discussões com coisas desnecessárias em vez de focarmos no que realmente importa.
Tentar o simples com convicção pode nos levar a caminhos bem mais originais e efetivos do que podemos imaginar. Vale o "risco".
Obrigado pela troca e pela sinceridade, Paula.
Até a próxima ;)