Como serão os postos de abastecimento do futuro?

O conceito desse local será completamente redesenhado na era da eletrificação

Por: Camila Picheth

Muito se tem discutido sobre o futuro dos postos de gasolina perante o avanço da tecnologia e automações, principalmente no Brasil. Paralelamente, as estações de recarga de carros elétricos começam a aparecer discretamente. No entanto, existe um cenário disruptivo que surge na medida em que os veículos elétricos conquistam maiores parcelas do mercado.   

Viver a era do elétrico vai muito além de uma mera mudança da fonte de energia; é uma transformação do nosso modo de vida e de nossas necessidades. Assim, a jornada do cliente precisará ser ressignificada e redesenhada em vários níveis.

Podemos começar a pensar mais profundamente nesse novo cenário a partir do resultado de uma competição realizada pela Electric Autonomy Canada, em que o objetivo era criar uma estação de recarga do futuro. O vencedor foi James Silvester, um arquiteto escocês que trouxe o conceito de uma estação interativa similar a um shopping, em que as pessoas possam descansar, se exercitar, fazer compras, entre outros. 

O design de Silvester propõe uma estrutura feita com materiais sustentáveis e painéis solares, além do formato modular permitir uma construção rápida e flexível. Considerando que leva muito mais tempo para recarregar um carro elétrico do que para abastecer com gasolina (atualmente, em torno de 40 minutos), a experiência das pessoas nesses centros precisa ganhar foco. 

Já vivemos uma realidade em que o posto de gasolina por si só não é o suficiente - é necessário haver, no mínimo, uma loja de conveniências. A rede de lojas am/pm, que pertence aos Postos Ipiranga, se tornaram líderes do setor exatamente por oferecer serviços relacionados à mobilidade e às necessidades primárias dos clientes. Se uma parada de dez minutos exige esse tipo de estrutura, imagine o cenário ao quadruplicar o tempo de permanência.

Pode ser que um centro exatamente como esse não saia do papel tão rápido, porém, unidades mais voltadas para a experiência positiva do cliente estão em pauta. A Parkland, uma das maiores empresas de postos de gasolina do mundo e grande financiadora da competição, está conversando com Silvester para desenvolver a ideia.

Sem contar que já existem empresas que começaram a trabalhar esse novo conceito, como é o caso da rede de cafeterias Starbucks. Em um projeto piloto, a Starbucks fechou uma parceria com a Volvo e a Chargepoint para instalar carregadores de carros em seus estacionamentos ao longo de uma rota de mais de dois mil quilômetros - entre Denver e Seattle, nos EUA. Enquanto seu carro carrega, é possível descansar e tomar um café antes de seguir com a viagem.  

Aqui no Brasil, um projeto piloto está com o Burger King. Em parceria com a startup EZVolt e a Vibra energia, a empresa irá instalar estações de recarga em dois restaurantes no Rio de Janeiro e Barueri (SP).

A velocidade da transformação do mercado apenas aumenta, e estar preparado com estruturas físicas e corporativas flexíveis e estratégicas é o grande trunfo das empresas que irão prosperar nas próximas décadas.

*Imagens: Electric Autonomy Canada e divulgação